sábado, 25 de novembro de 2023

CALENDÁRIO 2024

Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês um conto, uma estória, uma lenda! 
Com as linhas traçando a magia dos contos, damos formas a essa mágica viagem!

Um grande sucesso para presentear com um toque de magia, contos, pontos e panos! 
Faça seu pedido com as bordadeiras abaixo. 
Os contatos estão em cada mês com as respectivas bordadeiras!













Icambiaba – guerreira amazônida - JANEIRO

 Janeiro: Icambiaba – guerreira amazônida

Bordado por: Regina Celi de Deus Vieira Cavalcanti Silva 

Autor: Frei Gaspar de Carvajal

Desenho: Carlos Madeira

Contato: reginacelicavalcanti@gmail.com

55 (31) 99953.8711

Fotografia, arte e produção: Henry Yu




Icambiaba – guerreira amazônida


Pelo Tratado de Tordesilhas assinado entre Espanha e Portugal antes da descoberta do Brasil, a região amazônica deveria pertencer á Espanha.

Em 1542, Frei Gaspar Carvajal, escrivão da frota espanhola da Expedição de Francisco Orellana, que partiu do Equador descendo o rio Napo encontrando-se com o rio Ucayali, no Brasil, Solimões, sentido oeste/leste da nascente a foz no oceano Atlântico. Ao navegar por vários dias no enorme rio brasileiro de que ele chamou de Mar Dulce (mar de águas doce), foram atacados por mulheres guerreiras – usavam bem suas armas e eram tenazes no combate. Tinham um seio mutilado, sugerindo um constante manuseio do arco e flecha, fortalecendo elementos para a confirmação do mito antigo das amazonas inspirado na mitologia grega: “Amazon” ou sem seios. Nomeando-as de Amazonas. E o grande rio foi batizado como Rio das Amazonas.

Carvajal contou que o ataque foi na região do rio Nhamundá (divisa do estado do Amazonas com o Pará), no lago Espelho da Lua, viviam um grupo de mulheres guerreiras Icambiabas (mulheres sem homens). Eram altas, robustas e de cabelos longos. Andavam nuas e sempre com arcos e flechas nas mãos. Trabalhavam na caça, na pesca, na cerâmica e enfeites com plumas.

Neste lago, em noites de lua cheia, recebiam visitas de homens de tribos vizinhas para a procriação. Os nascidos do sexo masculino eram entregues aos pais. As meninas ficavam com elas, criando-as com os mesmos costumes de guerreira. Mergulhavam no fundo do lago, traziam um punhado de barro limoso que modelavam artefatos em forma de batráquios – sapos e rãs conhecidos como muiraquitãs e aos quais atribuíam virtudes de amuletos com perfurações para dar passagens aos fios que os sustentavam e provavelmente usados como adornos.

Desde os tempos das Grandes Navegações a Amazônia tem representado uma combinação de fascínios e aventuras.  Historiadores não dão conta de suas múltiplas dimensões, não conseguem esgotá-las. Retrataram de forma variada mesclando relatos pessoais, fatos históricos, estórias e lendas. Não existe portanto, uma narrativa definitiva sobre o tema.

Referencias Bibliográficas:

Marques Horta, Carlos Felipe de Melo - O grande livro do folclore – Editora Leitura – 2004 – Belo Horizonte – MG;

Aguillar, Nelson – Mostra do Redescobrimento – 500 anos do Brasil – 2000 - Fundação Bienal de São Paulo – SP

Bueno, Eduardo – Brasil: uma história – a incrível saga de um país – Editora Ática – 2ª Edição – 2.003 - SP.

A Travessia do Mar Vermelho - FEVEREIRO

Fevereiro: A Travessia do Mar Vermelho

Bordado por: Eleonora de Fátima Dornas de Andrade

Narrativa bíblica

Desenho: Murilo Pagani

Assessoria em pintura: Carol Perillo

Contato: eleonora.andrade@hotmail.com

55 (31) 99821.6887 

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 


A Travessia do Mar Vermelho

 


A Travessia do Mar Vermelho ou Mar de Juncos constitui um episódio na narrativa bíblica do Êxodo.

Ele fala sobre a fuga dos israelitas, liderados por Moisés, dos perseguidores egípcios, conforme narrado no livro do Êxodo.

 

Após as pragas do Egito, o Faraó concorda em deixar os israelitas irem, e eles viajam de Ramessés a Sucote e depois a Etã na orla do deserto, liderados por uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite.

Lá, Deus diz a Moisés para voltar e acampar à beira-mar em Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, bem em frente a Baal-Zefom.

Deus fez com que o Faraó perseguisse os israelitas com carros, e o Faraó os alcançou em Pi-hairote. Quando os israelitas veem o exército egípcio, eles ficam com medo, mas a coluna de fogo e a nuvem separam os israelitas e os egípcios.

Por ordem de Deus, Moisés estendeu seu cajado sobre a água e, durante a noite, um forte vento leste dividiu o mar, e os israelitas atravessaram em terra seca com uma parede de água de cada lado. Os egípcios os perseguiram, mas ao amanhecer Deus obstruiu as rodas das carruagens e os lançou em pânico, e com o retorno da água, o faraó e todo o seu exército foram destruídos.  Quando os israelitas viram o poder de Deus, eles colocaram sua fé em Deus e em Moisés, e cantaram uma canção de louvor ao Senhor pela travessia do mar e a destruição de seus inimigos. (Esta canção está em Êxodo 15, e é chamada de Canção do Mar).

As Crônicas de Narnia – O Armário, a Bruxa e o Leão - MARÇO

Março: As Crônicas de Narnia – O Armário, a Bruxa e o Leão

Bordado por: Débora Magnólia

Autor: C. S. Lewis

Desenho: Grazielle Magnólia 

Contato: magnolia4652@gmail.com

55 (31) 99972.7583

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 


 

As Crônicas de Narnia – O Armário, a Bruxa e o Leão

 

O romance narra a história de quatro crianças: Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia Pevensie que, através de um antigo e misterioso guarda-roupa, chegam ao mundo de Nárnia, um exuberante país que enfrenta um terrível e prolongado inverno, imposto pela falsa rainha do país, a Feiticeira Branca. Com a ajuda do grande e poderoso leão Aslam, os irmãos Pevensie devem derrotar à terrível feiticeira e trazer a paz de volta à Nárnia e a todos seus habitantes.

 

Wikipédia

O Rouxinol e a Rosa - ABRIL

Abril: O Rouxinol e a Rosa

Bordado por: Isabelle Marie Reinesch Souza

Autor: Oscar Wilde

Desenho: Isabelle Marie Reinesch Souza

Contato: isabelle.rsch@hotmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 


 

O Rouxinol e a Rosa


Um jovem estudante, apaixonado pela filha de seu professor, quis convidá-la para o baile. A moça fez como condição que ele pegasse uma rosa vermelha, mas no jardim do jovem não havia essa flor e ele ficou triste.


O rouxinol, ouvindo-o chorar, quis ajudá-lo e foi pedir uma rosa vermelha para a roseira debaixo da janela do jovem. A roseira explicou que o inverno já havia congelado suas veias; tinha sim um jeito de conseguir, mas o rouxinol ia ter que criar a rosa de música ao luar, furando seu peito num espinho e tingindo-a com o próprio sangue. Ele concordou em fazer esse sacrifício e cantou sem parar a noite toda, até cair morto. E a tão desejada rosa vermelha desabrochou.

De manhã, quando olhou pela janela, o jovem encontrou a linda rosa, colheu-a, e correu para a casa do professor.  Mas a moça tinha feito outros planos, preferindo um moço rico que podia dar-lhe presentes melhores. O estudante ficou com raiva e jogou a rosa na sarjeta. Voltou para seus livros de filosofia, querendo esquecer essa coisa tola que é o amor.

 

A Lenda de Chico Rei - MAIO

Maio: A Lenda de Chico Rei

Bordado por: Silvânia Maria Carvalho de Araújo

Tradição oral de Minas Gerais

Desenho: Murilo Pagani

Contato: silvaniamar@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 


 A Lenda de Chico Rei

Conto de Tradição oral mineira.


Em meados do século XVIII, Chico Rei, também chamado de Calanga, rei do Gongo, na África, foi capturado em combate, escravizado e trazido para o Brasil. Galanga e seu filho sobreviveram a viagem e foram vendidos para uma fazenda em Vila Rica, Minas Gerais. Ele foi batizado com nome de Francisco, recebendo o apelido de Chico.

Homem trabalhador, disciplinado, digno, não se revoltou, mas focou na bateia em busca de pepitas de ouro para comprar sua liberdade. Com muita obstinação, juntou dinheiro para comprar sua carta de alforria. Primeiro comprou a liberdade de seu filho que, por sua vez, trabalhou para comprar a do Pai.

Juntos, trabalharam duro para comprar a liberdade dos escravos que pertenciam a mesma nação africana que eles. Esse movimento aumentava a cada escravo alforriado. Com seu povo liberto, Chico tornou-se rei de sua gente em terras mineiras. Surgia uma cidade dentro de Vila Rica, a cidade de Chico Rei organizada com justiça e competência. Contam as lendas que Chico Rei, tornou-se um homem rico, o único a possuir uma mina de ouro, comprada de seu antigo patrão. Mina abandonada que tornou-se rentável nas mãos de Chico e seu grupo.

Chico Rei tinha na fé um alicerce, construindo a igreja de Nossa Senhora do Rosário e comemorando as datas religiosas com procissões seguidas por sua família e seu povo. Na saída da missa, o grupo cantava e dançava cantando músicas africanas. A partir dessas comemorações surgiram as congadas, que persistem até os dias atuais.

A lenda de Chico Rei reforça a força do povo africano nas terras brasileiras.

A Santa Ceia - JUNHO

Junho: A Santa Ceia

Bordado por: Malu Furtado Rocha

Narrativa bíblica

Desenho: Murilo Pagani

Assessoria em pintura: Nara Hauck

Contato: maluvieirarocha@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 

A Santa Ceia

 

A Santa Ceia é uma celebração cristã, religiosa, que aconteceu uma noite antes da crucificação de Jesus Cristo, quando este reuniu seus discípulos para um jantar. Durante a ceia Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: "Tomem e comam; isto é o meu corpo". Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: "Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados”. Ele quis celebrar conosco sua eterna presença viva no meio de nós e até hoje, na eucaristia, lembramos do seu sacrifício na cruz. Ela está descrita na Biblia em Mateus 26:26-28.

O Castelo Animado - JULHO

 Julho: O Castelo Animado

Bordado por: Fernanda de Almeida Amaral

Autor: Diana Wynne Jones

Desenho: Catarina Churakova

Contato: faamaral@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 


O Castelo Animado

“Howl`s Moving Castle – Diana Wynne Jones

 

Esta é a história de Sophie, a filha mais velha da família Hatter, é bonita e bondosa, mas não se enxerga assim. Após a morte do pai, assume a loja de chapéus e vai tocando o negócio, ajudando sua família.

Certa noite, Sophie recebe a visita de uma estranha cliente, era a Bruxa das Terras Desoladas, mas Sophie só percebe isso quando a bruxa lança um feitiço sobre ela e a transforma em uma feia velhinha de 90 anos.

Sophie não se importa tanto com a transformação, afinal, já se achava velha, feia e inútil, portanto, seu exterior agora combinava com seu sentimento. Contudo, estava determinada a evitar que suas irmãs a vissem assim e foge de casa para se isolar nas montanhas em volta da cidade, local onde o castelo do perigoso Mago Howl fica perambulando. Este mago é conhecido por devorar o coração das moças do povoado, mas não se apaixona por nenhuma delas.

Ao cair da noite, com frio, Sophie vê que sua única chance de sobreviver é entrar no castelo. Era um Castelo Animado, que caminhava sobre montanhas e rios e rodeado por muito mistério.

Ali, encontra Michael Fisher, o aprendiz do mago e Calcifer, o demônio do fogo que vive na lareira. Calcifer imediatamente percebe que Sophie está sob um forte encantamento e ambos fazem um acordo: se Sophie desfizer o pacto que o une a Howl ele quebraria a maldição da Bruxa. O problema é que Calcifer não pode dar os detalhes do encantamento, Sophie tem que adivinhar através de algumas dicas. E será a partir daí que Sophie irá passar a viver no castelo para tentar aprender a desfazer o feitiço posto em Calcifer.

À medida que vai vivendo no castelo e conhecendo o mago Howl, Calcifer e Michael, mais Sophie entende que, na verdade, a realidade vai além do que se vê – e percebe que é possível, sim, encontrar humanidade e compaixão dentro de cada um. O mago Howl é um homem bondoso e generoso, mas que esconde um segredo.

Howl conta à Sophie que vem tentando tirar o feitiço dela, mas toda vez que ele pensa ter conseguido, o feitiço volta. Sophie também tem mágica, tudo o que ela fala se torna realidade, assim, toda vez que ela fala que é velha, feia e inútil, acaba se enfeitiçando novamente.

Enquanto lidam com o dia a dia do castelo e tentam descobrir maneiras de se livrarem do feitiço, os habitantes do castelo começam a se conquistar. Sophie descobre que Calcifer é uma estrela cadente que Howl juntou ao seu coração, por magia.

Descobre também, que a Bruxa das Terras Desoladas a transformou em uma velhinha por ciúmes, e por querer encontrar e roubar o coração do mago.

Com a magia de Sophie, que dá vida às suas palavras, ela consegue separar Calcifer do coração de Howl e devolvê-lo ao peito do mago, que, enfim, pode se apaixonar novamente e viver com Sophie feliz, no castelo que animado que anda pelas montanhas.

Esta é uma história sobre autoconhecimento e magia. Sophie se desmerece tanto que vê com naturalidade seus fracassos. E Howl é o completo oposto de Sophie, que por ambição perdeu seu coração... até que encontra Sophie.

Ambos falam que desejam passar o resto da vida juntos e como a fala tem poder no livro, imagino que foi assim que aconteceu.

A Lenda do Boitatá - AGOSTO

Agosto: A Lenda do Boitatá

Bordado por: Siomara Goulart

Folclore brasileiro

Desenho: Maurizio Manzo

Contato: siomara.goulart@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

  


 

A Lenda do Boitatá

 


A origem desta lenda é indígena, da tradição tupi-guarani. O padre jesuíta José de Anchieta foi o primeiro a fazer o relato dela. O religioso teve contato direto com os índios que habitavam o Brasil na época da colonização. Segundo seu relato datado em 31 de maio

de 1560, os indígenas lhe relataram sobre um fantasma chamado Mbai-tatá, que significa “coisa de fogo”. É a junção de duas palavras da língua tupi: Mbai ou Mbói que quer dizer “coisa”, e tatá que significa “fogo”.

A Lenda do Boitatá está presente em nosso folclore. Fala de uma cobra de fogo que expele chamas perseguindo homens que destroem as florestas e os campos, sobretudo por meio de incêndios criminosos. É um personagem que defende a natureza contra os predadores.

Reza a lenda que há muito tempo, houve uma noite muito escura, fria, sem estrelas, sem vento que parecia não ter fim. Não havia barulho algum, os bichos da floresta estavam todos quietos, tudo era um grande silêncio. Os seres humanos passando fome e frio, pois não podiam cortar lenhas para seus braseiros. Era uma profunda escuridão, e nesta noite sem fim, começou um temporal, passaram-se os dias, e a chuva não cessava, inundando tudo e muitos animais acabaram morrendo afogados. Tudo parecia perdido, até que um dia a serpente despertou do seu sono profundo.

De repente abriu seus olhos e foi rastejando, faminta em direção aos animais que foram mortos pela inundação, comendo os olhos deles que reluziam muito por causa da luz que eles enxergaram no último dia de vida, assim ela incorporou todos os olhos desses animais e seu corpo foi tomado por labaredas de fogo, como uma grande chama. A serpente tinha se transformado num grande ser flamejante, o Boitatá. E por onde passava, seu rastro dissipava a escuridão. Logo o sol começou a nascer novamente, iluminando toda a mata. Assim, as plantas voltaram a desabrochar, e todos os seres comemoraram o retorno da luz do dia.

Como toda lenda, há varias versões e todas descrevem o Boitatá como o protetor da natureza. As variações são de acordo com a região onde ela é contada. Um denominador comum, independente da versão, é a associação ao fogo, tanto que a lenda do Boitatá é uma forma de explicar o fogo-fátuo que é combustão instantânea de gases de matéria orgânica em decomposição que se movimenta como o corpo de uma serpente. Um monstro flamejante.

Cuidado, ao encontrar um Boitatá. A pessoa deve permanecer estática, fechar os olhos e prender a respiração, para não correr o risco de ficar cego, louco ou até morrer.

 

Consultas : sohistória.com.br / portalamazonia.com /educamaisbrasil.com.br /

mundoeducacao.uol.com.br / todamateria.com.br

A Lenda do Girassol - SETEMBRO

 Setembro: A Lenda do Girassol

Bordado por: Magda Pina

Mito grego

Desenho: Murilo Pagani

Contato: magdapinaa@gmail.com

55 (31) 99122.9056

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

  


Apolo e a Lenda do Girassol

 

 

Apolo, o mais belo de todos os deuses do Olimpo, decididamente nunca teve muita sorte com as mulheres que amou. Ele era jovem, atraente, dono de um porte elegante e de uma voz encantadora, mas parecia não ter muito sucesso com as eleitas de seu coração. Algumas literalmente fugiram dele: a ninfa Castália correu o quanto pôde até transformar-se numa fonte cristalina e inspiradora, no Monte Parnaso, onde está correndo até hoje; a bela Dafne, que Apolo também perseguiu, implorou aos deuses que a transformassem num frondoso loureiro, antes que ele a alcançasse.

 

Outras não recorreram à velocidade das pernas, mas usaram outros meios, igualmente eloquentes, para que Apolo entendesse que ele não as possuiria. Coronis ofendeu-o ao trocá-lo por Ísquis, um simples mortal que morava na Arcádia. Cassandra, princesa de Tróia, enganou-o com promessas até que ele lhe desse o desejado dom da profecia; então, como costumavam fazer as maldosas mulheres daquela época remota, dispensou-o com um sorriso e mandou-o contar navios. Marpessa, disputada por Apolo e por Idas, príncipe da Messênia, foi ainda mais clara: quando Zeus a mandou escolher entre os dois, ela preferiu o mortal. "Apolo não me serve como parceiro", disse ela. "Para um deus, o tempo não passa; para os humanos, porém, cada hora deixa a vida mais curta".

 

Destino bem diferente foi o de Clítia, ninfa das águas, uma das filhas de Tétis e do Oceano. Desprezada por Apolo, com quem teve um breve romance, viu-se tomada de tal paixão que perdeu a vontade de viver. Com o semblante transtornado e os cabelos em desalinho, afastou-se do convívio alegre das outras ninfas e foi sentar na terra nua, no lugar mais solitário da campina. Ali, no raiar de cada manhã, ela esperava que Apolo apontasse no horizonte, dirigindo o carro do Sol, e dali mesmo ela seguia sua luminosa trajetória no azul do firmamento, até que o manto da Noite viesse cobrir o Universo.

 

Ovídio, que nos conta essa triste história, diz que por nove dias e noites ela ficou assim, imóvel, sem sentir fome nem sede, nutrida apenas pelo orvalho e pelas lágrimas que derramava - quando então os deuses, por piedade, transformaram-na no girassol, que até hoje acompanha nos céus a passagem de seu amado. Tinha sido ingênua o bastante para crer naquele amor impossível entre ela, que vivia na planície, e Apolo, que brilhava entre os astros. As outras, porém, bem gregas na sua prudência, resistiram ao fascínio do deus, por intuírem, decerto, que por trás de toda aquela luz espreitava a mesma atração pela morte que arrasta a borboleta em sua louca paixão pela chama.

A Pequenina Folha Verde - OUTUBRO

 Outubro: A Pequenina Folha Verde

Bordado por: Alda Andrade

Autor: Penny Parker

Desenho: Murilo Pagani

Contato: aldaluciad@gmail.com

55 (31) 99993.1286

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 

A Pequenina Folha Verde – Penny Parkere

 


Algum tempo atrás, havia um rei que estava muito doente, e vivia na cama.

Porém, mais forte que a doença que lhe consumia, era o profundo desanimo que lhe corroía a alma. O rei havia desistido de viver.

 

Sua filha tentava animá-lo, relembrando os bons momentos que tinham vivido juntos. Mas, em vão, ele não reagia. O rei passava os dias inteiros na cama, olhando para a janela, observando uma frondosa árvore, que ia lentamente perdendo as suas folhas.

 

Certa manhã, quando a filha tentava animá-lo, o rei disse:

- Sabe, filha, quando aquela árvore perder a última de suas folhas, terá chegado a minha hora de partir…

- Mas que é isso pai, que tolice! Por que amarrar o seu destino ao destino de uma árvore?

Mas o rei não a ouviu, tão concentrado que estava na sua melancolia. A filha então compreendeu que existem momentos em que as palavras ficam muito pobres e não conseguem acender a luzinha no coração das pessoas. Então resolver agir.

 

Assim que o pai adormeceu, a filha entrou no quarto com um pincel e um pequeno pote de tinta verde. Subiu num banquinho e pintou no vidro da janela uma folhinha verde. À medida que o outono ia avançando, e o inverno tomava o seu lugar, as folhas da árvore desprenderam-se todas e saíram dançando ao vento. O rei observava cuidadosamente todos os seus movimentos. Observava especialmente uma certa folhinha verde muito teimosa que não se movia do lugar. Até que a neve chegou e cobriu a árvore com um manto branco. Mas, de sua cama, o rei havia atado o fio da vida àquela folhinha verde, e continuava olhando-a fixamente.

E foi assim, agarrando-se à folhinha verde, que o rei atravessou o inverno. Então, quando a primavera chegou, e muitas novas folhas cobriam a árvore, aquela pequenina folha verde ficou perdida entre tantas outras e o rei encontrou seu ânimo e a sua vontade de viver. E ficou de pé. E voltou à vida.

 

Mais tarde, enquanto limpava a folhinha pintada na janela, a filha pensou:

- Espero que algum dia, se o desânimo tomar conta do meu ser, alguém consiga oferecer-me uma folhinha verde, para que eu possa receber através dela, a vontade de viver.

As Três Perguntas - NOVEMBRO

Novembro: As Três Perguntas

Bordado por: Marie-Thérèse Pfyffer

Autor: Leo Tolstói

Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer

Contato: @duo_leones

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

As três perguntas

Leo Tolstói

 

Certa vez ocorreu a um certo imperador que se ele sempre soubesse a resposta a essas três perguntas, jamais falharia em nada que empreendesse: Qual é a hora certa para agir? Qual pessoa deve ser ouvida? Como decidir qual assunto é o mais importante?

 

Assim fez proclamar em todo o reino que daria uma grande recompensa a quem lhe trouxesse as respostas. E muitos vieram ao palácio, cada um com respostas diferentes. Diante de tantas soluções diversas, o imperador não concordou com nenhuma, também não deu nenhuma recompensa. Para encontrar as respostas certas para suas perguntas decidiu consultar um eremita conhecido por sua sabedoria.

 

O homem santo tinha escolhido viver isolado em um bosque, recebendo só gente comum. Então o imperador vestiu roupas simples e se pôs a caminho. Ao aproximar de seu destino desmontou do cavalo, deixou seu guardas para trás, e continuou sozinho. Quando chegou o eremita estava cavando canteiros em seu jardim. Cumprimentou o visitante e continuou seu trabalho. O imperador foi até ele e disse: “Vim até você, sábio eremita, para lhe pedir que responda a três perguntas: Qual é a hora certa para agir? Quais são as pessoas que devem ser ouvidas? Qual á a coisa mais importante a fazer?”

 

Como posso aprender a fazer a coisa certa na hora certa? Quem são as pessoas de quem mais preciso e a quem devo, portanto, prestar mais atenção do que ao resto? E quais assuntos são os mais importantes e precisam de minha primeira atenção?”

 

O eremita ouviu, mas não respondeu nada. Apenas cuspiu na mão e recomeçou a cavar. Como era idoso e frágil, respirava com dificuldade cada vez que enfiava a pá no chão e revirava a terra. “Você está cansado”, disse o imperador, “deixe-me pegar a pá e trabalhar um pouco para você.” “Agradeço!” disse o eremita e, dando a pá ao visitante, sentou no chão. Depois de cavar dois canteiros, o imperador parou e repetiu suas perguntas. Novamente não houve respostas, mas o eremita levantou, estendeu a mão para a pá e disse: “Agora descanse um pouco e deixe-me trabalhar.” Mas o imperador não devolveu a pá e continuou a cavar. Uma hora se passou, e outra. O sol estava se pondo atrás das árvores, quando o imperador acabou de preparar os canteiros. Enfiou a pá no chão e disse: “Vim até você, homem sábio, par ter respostas. Se não puder me responder, diga-me, e eu voltarei para casa.”

 

“Aí vem alguém correndo”, disse o eremita. “Vamos ver quem é.” O imperador se virou e viu um homem barbudo sair correndo de entre as árvores. Quando chegou perto dos dois homens, caiu meio desmaiado no chão, gemendo debilmente. Suas mãos pressionavam sua barriga, sangue escorria debaixo delas. O imperador e o eremita desamarraram a roupa do homem. Juntos cuidaram de um corte profundo. Finalmente o sangue parou de fluir, o homem reviveu e pediu água. O imperador buscou água fresca no riacho próximo e lhe deu para beber. Já estava esfriando. Levaram o ferido para a cama do eremita. O homem fechou os olhos e ficou quieto. Quanto ao imperador, estava tão cansado que sentou, encostou na parede, e também adormeceu.

 

Dormiu profundamente a noite toda. Pela manhã, demorou muito para se lembrar de onde estava, ou quem era o estranho barbudo deitado na cama que o fitava com olhos brilhantes. “Me perdoe!” disse o barbudo com voz fraca, quando viu que o imperador estava acordado. “Eu não conheço você e não tenho nada para perdoar.”

 

“Você não me conhece, mas eu o conheço. Era seu inimigo. Tinha jurado me vingar porque mandou executar meu irmão e confiscou todos os meus bens. Sabia que você tinha ido sozinho ver o eremita, assim resolvi matá-lo no caminho de volta. O dia passou, você não voltou. Então eu saí da minha emboscada para encontrá-lo, mas encontrei seus guardas, que me reconheceram e me feriram. Escapei e teria sangrado até a morte se você não tivesse cuidado de mim. Queria matá-lo, e você salvou a minha vida. Agora, se eu viver, e se você quiser, eu o servirei como seu servo mais fiel e pedirei a meus filhos que façam o mesmo. Me perdoe!”

 

O imperador se sentiu cheio de gratidão por seu inimigo ter feito as pazes, e não apenas o perdoou, como disse que enviaria seus servos e seu próprio médico para atendê-lo, e restauraria sua propriedade. Despediu-se e saiu à procura do eremita. Desejava implorar mais uma vez por uma resposta às suas perguntas. Encontrou-o no seu jardim, de joelhos, plantando sementes nos canteiros.

 

Aproximou-se: “Pela última vez, peço que responda às minhas perguntas, homem sábio.” O eremita olhou para ele. “Você já foi atendido.” “Como? O que quer dizer?”

 

“Não está vendo? Se não tivesse tido pena da minha fraqueza ontem e cavado estes canteiros, teria ido embora e aquele homem o teria atacado. Assim, o momento relevante foi quando cavou meu jardim. Eu fui a pessoa essencial, e fazer-me bem foi a decisão acertada. Depois, quando aquele homem correu para nós, o mais necessário foi atendê-lo pois, se não tivesse enfaixado suas feridas, ele teria morrido sem ter feito as pazes com você. Então ele foi a pessoa mais significativo, e o que você fez por ele foi fundamental.

 

Lembre-se então: Há apenas um momento certo – agora. É o momento mais importante porque é o único momento em que temos o poder de agir. A pessoa mais importante é aquela com quem você está, pois como saber se terá oportunidade de se relacionar com outra no futuro? E o mais importante é fazer o bem para quem está ao seu lado.

 

Por isso estamos aqui.”

 

A Romãzeira - DEZEMBRO

Dezembro: A Romãzeira

Bordado por: Rosângela P. M. Gualberto

Conto marroquino

Desenho: Murilo Pagani

Contato: rosangelagualberto@uol.com.br

55 (31) 98772.8302

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 

A Romãzeira

 

 

Há muitos anos vivia em um deserto do Marrocos um povo Ansi em uma vila cercada de areia e pedra, com pouca água e um oásis perto. As crianças brincavam nas ruas com os amigos e a tarde iam buscar água no poço.

 

Mas as crianças começaram a sumir uma a uma. Amir, que ainda estava na aldeia, ouviu a avó falar que isto era coisa de djinn (feiticeira) e resolveu investigar o problema. Ele se preparou e foi ao oásis buscar água. Lá ele se encontrou com a djinn, que o enfeitiçou e o fez segui-la até sua casa, muito velha e isolada, com uma romãzeira enorme na porta que devia ser mágica pois o menino se desencantou.

 

Lá também ele viu seus amigos todos, em gaiolas, transformados em pássaros. Todos os dias a djinn desencantava as crianças com sua vara mágica, e os fazia trabalhar com as sementes de romã que viravam granadas vermelhas em joias maravilhosas que a djinn vendia no mercado.

 

Amir sabia que as djinns gostavam de ser paparicadas e fez isto até ser aceito como ajudante. Ele levava as joias para vender, escondido alimentava seus amigos e ia descobrindo todas as riquezas de lá. Um dia, enquanto a djinn dormia, Amir foi até a romãzeira, cortou muitos galhos que distribuiu sobre todo corpo da bruxa, pegou a varinha dela e todos os galhos se movimentaram e a aprisionaram. Ele desencantou seus amigos, os meninos pegaram todas as joias que podiam e voltaram para a aldeia onde as famílias fizeram uma grande festa para comemorar a volta das crianças e a coragem de Amir. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Calendário 2023

 


Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês um conto, uma estória, uma lenda! 
Com as linhas traçando a magia dos contos, damos formas a essa mágica viagem!

Um grande sucesso para presentear com um toque de magia, contos, pontos e panos! 
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Janeiro – O Touro Ferdinando

 


Janeiro – O Touro Ferdinando

Bordado por: Fernanda Amaral

Autor: Munro Leaf

Desenho: Murilo Pagani

Contato: faamaral@gmail.com

55 (31)99979.0171

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

O Touro Ferdinando

O bordado é baseado no conto infantil de 1936 “The Story of Ferdinand”, do escritor americano Munro Leaf e ilustrador Robert Lawson.

Ambientado na Espanha, o conto retrata a história de um bezerro chamado Ferdinando, um animal sensível que ama cheirar flores e que, ao contrário dos outros bezerros, tem aversão à violência e brigas. Embora sua mãe tente convencê-lo de lutar com outros em seu pasto para que se torne forte e ganhe fama em uma tourada, ele não lhe dá a mínima atenção.

Anos depois, Ferdinando cresce um animal forte que ainda devota toda a sua atenção a sua atividade preferida: ficar em paz, na sua montanha, cheirando as flores...

Um dia, porém, ao se assentar, ele é ferroado por uma abelha e a dor o faz correr tão rápido que os toureiros acreditam ter achado o touro agressivo que procuram.

Quando colocado na arena, entretanto, o animal se recusa a enfrentar o toureiro brigão e acaba por cheirar as flores que foram jogadas na arena. O toureiro se rende ao espírito amoroso e pacífico de Ferdinando, que é levado de volta para sua casa, na sua montanha com suas flores.

O livro foi lançado nove meses antes da eclosão da Guerra Civil Espanhola. Mesmo assim, naquele período, adeptos do ditador Francisco Franco o classificaram como um livro pacifista, sendo proibido em muitos países que adotaram modelos fascistas de governo.

Mas não se trata de uma história ideológica, mas sim uma encantadora história infantil que tenta nos ensinar a ser pessoas melhores, e promove respeito, tolerância, carinho e gentileza. Características fundamentais para vivermos bem em sociedade.