quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Gato de Botas - Perrault

Bordado por Regina C. Drumond

Um moleiro com três filhos à hora da morte repartiu seus únicos bens: ao mais velho deu um moinho; ao filho do meio, o seu burro; e ao mais moço um gato. Este ficou muito triste com a sua  herança, mas o esperto gato lhe disse: —  Meu querido amo, se você me comprar um par de botas e um saco eu lhe provarei que sou  um presente muito melhor que um moinho ou um asno.
O rapaz gastou todo o seu dinheiro ao comprar um lindo par de botas e um saco para o seu gato, que calçou as botas, colocou o saco com farelos em suas costas, e foi para um sítio onde havia uma coelheira. Lá chegando abriu o saco, deitou-se no chão fingindo de morto.
Ao sentir o cheiro do farelo um coelho saiu de seu esconderijo e entrou dentro daquele saco. O gato o levou  ao rei, dizendo-lhe: — Senhor, meu nobre amo Marquês de Carabás enviou-lhe este coelho que pode ser um prato delicioso.
— Coelho? — disse o rei. — Gosto muito de coelhos e o meu cozinheiro nunca assou um. Fale com o seu amo que agradeço este presente.
No dia seguinte o gato levou duas perdizes para o rei como outro presente do marquês de Carabás. O rei, feliz, mandou preparar a sua carruagem e com a sua filha foi até a casa do nobre súdito para agradecer os preciosos presentes.
O esperto gato falou com seu amo: — Vou lhe mostrar um lugar muito especial para tomar um belo banho de rio. — E o levou até onde passaria a carruagem real, pedindo ao amo para tirar a roupa e colocar sob uma pedra para se banhar no rio. Ao chegar o rei e a princesa o gato logo gritou: — Socorro! Socorro!
— Que aconteceu? — perguntou o rei.
— Os ladrões roubaram a roupa do Marquês de Carabás! Meu amo está dentro da água e com certeza terá muitas câimbras, — disse o gato.
Imediatamente, o rei mandou seus servos ao palácio para buscar uma roupa de gala que o rei usava quando jovem. O dono do gato vestiu a roupa do rei e tão bonito ficou que a princesa dele se enamorou.
O gato feliz com o sucesso de seu plano correu pelos campos na frente da carruagem e,  por onde passava, dizia aos lavradores: — O rei está chegando; se não disserem que  estas terras pertencem ao Marquês de Carabás, vocês se tornarão carne de almôndegas.
E, quando o rei perguntava de quem eram aquelas terras, os lavradores respondiam que eram do nosso nobre marquês de Carabás.
Disse o rei ao filho mais novo do moleiro: — Que lindas propriedades você tem!
O moço sorria feliz e o rei dizia para a filha: — Eu também era assim na minha mocidade.
Ao encontrar camponeses colhendo trigo, o gato  fez a mesma ameaça: — Se não disserem que todo este trigo pertence ao Marquês de Carabás, faço picadinho de vocês.
E, quando o rei perguntava de quem era todo aquele trigo, todos respondiam que era do Marquês de Carabás. O rei ficou muito entusiasmado com todas as propriedades do Marquês. E o gato continuava sempre correndo à frente da carruagem, até que atravessando um imenso bosque, chegou a um belo palácio onde vivia um ogro, que era o verdadeiro dono de todas as terras cultivadas. O gato abrindo a porta disse ao ogro:
— Meu querido ogro, ouvi dizer que você se transforma em grandes animais, é verdade que  pode se transformar no que quiser?
— Certíssimo, respondeu o ogro e, imediatamente, se transformou num leão. E o rato disse: — Isso não tem vantagem, pois qualquer um pode se tornar maior, mas a verdadeira arte está em ser menor. Poderia se transformar em rato?
— Ah, ah... Isto é muito fácil, — disse o ogro, e transformou-se num rato. O esperto gato imediatamente comeu o rato. Ele foi abrir a porta no momento que chegava a carruagem e disse: — Bem vindo, Majestade, a este suntuoso palácio do Marquês de Carabás.
O rei ficou maravilhado com o palácio do Marquês! E pediu para o Marquês ajudar a princesa a descer da carruagem. Muito tímido, o filho do moleiro ofereceu o braço à princesa. O esperto gato mandou preparar um almoço para o rei, a princesa e seu amo e serviu os melhores vinhos. Ao terminar o almoço, o rei disse: — Marquês, você é tão tímido como eu quando jovem, mas sinto que gosta muito da princesa e ela de você. Por que não se casa com ela?
O moço pediu a mão da princesa e o casamento foi uma grande festa, onde o gato estava com um novo par de botas, com chapéu com preciosos diamantes e roupa bordada de ouro.
E assim todos viveram felizes para sempre. E hoje ainda o gato corre atrás dos ratos, mas para se divertir, porque não mais precisa de ratos para matar a sua fome.
Recontado por Regina, baseado em texto da internet

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