sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Pequeno Polegar - Junho


O Pequeno Polegar
Perrault






Uma família de camponeses muito pobres vivia com seus sete filhos, ainda pequenos, num povoado próximo a uma grande floresta. Naquele tempo esta região e toda a Europa passavam por dificuldades e a fome era grande. Não havia como obter alimento em lugar algum. Mas apesar de tudo as crianças eram saudáveis. O mais novo deles, de tão pequeno, ficou com o nome de Pequeno Polegar. Era esperto, sabido e tudo observava a seu redor.
O pai das crianças começou a pensar em deixar as crianças na floresta porque não havia comida suficiente em casa. A mãe ficou desesperada, mas acabou aceitando porque não tinha outra solução. Decidiram não contar nada para os filhos e ir na floresta no dia seguinte com a desculpa de buscar lenha. Pequeno Polegar, que tinha escutado toda a conversa escondido, saiu de mansinho e foi buscar umas pedrinhas brancas nas areias da margem do rio.
Saíram cedo pela manhã. Andaram muito e pegaram os gravetos que precisavam. E, aos poucos, os pais foram se afastando sem que as crianças notassem. Quando os pequenos notaram sua ausência, já era tarde. Não sabiam como voltar. Começaram a chorar. Mas Pequeno Polegar acalmou os irmãos e os levou para casa, seguindo as pedrinhas que, na vinda, havia deixado cair pelo caminho.
Quando chegaram os pais os abraçaram chorando de felicidade. E, naquele dia, o pai recebeu um dinheiro e puderam jantaram até se saciar. Mas a fome voltou tempos depois. De novo, os pais falaram em deixar os filhos na floresta. Pequeno Polegar, ouvindo a conversa, quis correr para fora... e encontrou a porta trancada. No dia seguinte, aconteceu igual da outra vez. Pequeno Polegar tinha um pedaço de pão no bolso e espalhou migalhas para marcar o caminho. De novo o pai deixou os filhos sozinhos no meio da floresta. Mas quando Pequeno Polegar quis voltar, seguindo as migalhas de pão, viu que os passarinhos tinham comido tudo.
A noite chegou e as crianças, assustadas e famintas, sentiram-se muito sós. Pequeno Polegar subiu em uma grande arvore e gritou ter visto um castelo iluminado. Seguiram alegremente para onde estava a luz. Só que eles não sabiam que ali morava um gigante enorme e feroz, na verdade um ogro. Bateram à porta e uma mulher veio atender. Sentiu pena daquelas crianças desprotegidas e sozinhas. Deixou-as entrar sabendo do risco que elas corriam: o gigante gostava de comer criancinhas! Acolheu as crianças, alimentou-as e escondeu todos em lugar bem seguro.
O gigante chegou em casa faminto e cansado. Imediatamente sentiu cheiro de carne humana! Procurou, encontrou, e as estava ajeitando para comer quando a mulher sugeriu que deixasse as crianças engordarem um pouco. Estavam muito magrinhas. O gigante concordou e disse: 
- Prepare um jantar para estes garotos, pois você sabe que gosto de crianças bem gordinhas!
Após o jantar o gigante ordenou que os meninos fossem dormir na cama ao lado de suas queridas filhas. Ele tinha sete meninas ainda pequenas que amava muito e tratava como princesas. Exigia até que usassem coroinhas de ouro.
Pequeno Polegar era muito esperto. E logo que todos estavam dormindo ele fez uma troca. Tirou os gorrinhos de lã dele e dos irmãos, trocando pelas coroinhas das meninas.  Na verdade o gigante queria mesmo comer Pequeno Polegar e seus irmãos naquela mesma noite, sem piedade! Pegou um facão e foi para o quarto. Estava tudo um escuro só e ele foi apalpando as cabeças para encontrar os meninos. Passou a mão pelas cabeças das filhas e achou os gorrinhos. E, com o facão, degolou as meninas. Assim que o ogro foi dormir, Pequeno Polegar acordou os irmãos e fugiram bem depressa.
Quando o gigante percebeu o que tinha feito,  calçou suas botas de sete léguas e saiu furioso em busca dos meninos. Correu muito, subiu e desceu montanhas, atravessou rios, olhou atrás das moitas... e nada. Mas as crianças o viram chegar e se esconderam numa rocha oca.
De tanto correr, o gigante tinha ficado exaurido, sem forças. Resolveu deitar e dar um cochilo logo na rocha onde estavam os meninos! Começou a roncar fazendo um barulho ensurdecedor. Foi aí que Pequeno Polegar saiu do esconderijo e se aproximou do gigante. Viu que as botas dele tinham algo diferente. Tirou-as e as calçou – e não é que as botas eram encantadas! Elas se  ajustaram perfeitamente ao seu tamanho. Pequeno Polegar já tinha pensado em um plano. Correu e num instante estava na casa do ogro. Chamou a mulher e falou assim:
- Depressa! Seu marido foi aprisionado por um bando de malfeitores e querem em troca ouro, jóias e pedras preciosas. O gigante me mandou buscar o que está escondido aqui. Ele até me emprestou suas botas para chegar bem rápido, antes que ele morra!
A mulher aflita entregou ao menino tudo o que possuía de mais valioso. E assim Pequeno Polegar voltou  para sua casa, acompanhado de seus irmãos e carregado de muita riqueza. Os pais os receberam com grande alegria e disseram:
- A floresta devolveu nossos filhos com uma fortuna!

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