quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Calendário 2018



Somos doze bordadeiras que, por 8 anos, escolhemos um conto ou estoria e bordamos uma cena do mesmo, montando este belíssimo calendário!

Faça o seu pedido com uma das bordadeiras abaixo! Entre em contato conosco! Estamos te aguardando!

A Lenda do Boto




A Lenda do Boto

Conta na Amazônia, que os botos do rio Amazonas fazem charme para as moças que vivem em vilas e cidades à beira-rio.
Eles as namoram e, depois, tornam-se os pais de seus filhos!
No início da noite, o boto se transforma em um belo homem e sai das águas, muito bem vestido e de chapéu, para esconder o buraco que todos os botos têm no alto da cabeça (o buraco serve para respirar o ar, já que os botos são mamíferos e têm pulmões). O rapaz-boto vai aos bailes, dança, bebe, conversa e conquista uma moça bonita. Mas, antes do dia surgir, entra no rio e se transforma de novo em um mamífero das águas.
Até hoje, mães solteiras na região do Amazonas dizem que seus filhos são filhos "do boto"! O olho do boto, seco, é considerado um ótimo amuleto para conseguir sucesso no amor. Se o homem quer conquistar uma mulher, dizem que ele deve olhar para ela através de um olho de boto. Desse jeito, ela não vai poder resistir - e vai ficar perdidamente apaixonada...

O boto verdadeiro
O verdadeiro boto é um mamífero da ordem dos cetáceos. Há um grupo deles que vive exclusivamente em água doce, de rio. O que vive na América do Sul tem o corpo alongado, de dois a três metros de comprimento. Tem grandes nadadeiras peitorais e cerca de 134 dentes. São cinzentos, mas clareiam com a idade e ficam cor-de-rosa!

Botos comem peixes e, às vezes, frutos que caem no rio. A fêmea tem um filhote, que permanece ao seu lado até ficar adulto.

Parece que as lendas sobre "botos-homens" só surgiram no Brasil a partir do século XVIII. Pelo menos, nenhum pesquisador encontrou registros mais antigos dessa lenda! Mas, na mitologia dos índios tupis, há um deus - o Uauiará - que se transforma em boto. Esse deus adora namorar belas mulheres.

http://lendasdobrasil.blogspot.com.br/2010/10/lenda-do-boto-cor-de-rosa.html


Bordadeira: Zélia Melo
Conto: A lenda do Boto
Autores: Folclore Brasileiro
Desenho: Murilo Pagani
                55(31)99984-5072

A Rosa Azul


A Rosa Azul

O imperador da China tinha uma única filha. A princesa era jovem, encantadora e querida por todos os súditos, pela sua simpatia, inteligência e interesse pelos assuntos do império chinês. O imperador era viúvo e já avançado em idade, por isto preocupava-se com a princesa que, até então, não falava em casar-se. Mas o imperador argumentava:
Minha filha! Você precisa casar-se para me dar netos e preservar a nossa dinastia.
- Papai! Eu sou tão feliz em sua companhia. Por que preciso casar? Só para lhe dar netos?
- Mas filha!  Eu não sou eterno. Eu morrendo você ficará sozinha. Quem vai proteger você?
- Papai! Eu sei me proteger!  Não se preocupe.  Além do mais, eu nunca senti nada especial por nenhum rapaz!  Pretendo me casar estando  apaixonada.

Mas o imperador não desistia.
- Está bem, papai!  Eu me caso. Mas com uma condição:  casarei com o primeiro rapaz que me trouxer uma rosa azul.

Ha! O imperador ficou muito feliz e, imediatamente mandou os arautos anunciar a decisão da filha. Centenas de pretendentes começaram a procurar a tal rosa azul e alguns foram desistindo quando constataram que não existia esta espécie de rosa.

Três candidatos se apresentaram. Um deles era o mais rico negociante da China. Mandou emissários a todas as partes do mundo a procura da rosa azul. Não encontraram. Resolveu encomendar uma jóia utilizando as gemas mais preciosas e o ouro mais puro. Finalmente a jóia ficou pronta.

A princesa ao ver aquela maravilha gostou, mas foi logo dizendo:
- Meu pai! Se o mais rico negociante trouxe a rosa azul eu sou obrigada a me casar com ele. Onde está a rosa?
E ao ver a rosa viu que se tratava de uma jóia e não de uma rosa verdadeira. Lá se foi o primeiro candidato.

Dias depois o segundo candidato se apresentou. Trouxe um lindo vaso da porcelana mais fina onde estava pintada, lindamente, uma rosa azul. De um lado via-se um botão. Do outro lado via-se uma maravilhosa rosa azul.

Novamente a princesa não aceitou aquele trabalho maravilhoso, mas que não era uma rosa verdadeira. O imperador ficou aborrecido e se retirou resmungando: Dois ótimos candidatos e ela recusa!!!!

O terceiro candidato era pesquisador de química e botânica. Ele sabia que não existia rosa azul. Entretanto se pôs a trabalhar em seu laboratório.  Uma noite, já muito cansado colocou distraidamente um botão de rosa branca em um tinteiro e foi embora. No dia seguinte teve a alegria de ver uma rosa totalmente azul. Correu ao palácio levando a flor.
A princesa ficou surpresa. Foi logo dizendo: essa não é uma rosa azul e sim uma rosa pintada de azul. Meu pai, como posso aceitar!

O imperador saiu dos aposentos da filha muito bravo dizendo:
- Desisto! Você é teimosa demais. Se quiser casar, case! Se não quiser, não case!

A princesa ficou bem satisfeita. Estava livre daquela conversa de casamento. Tempos depois, no jardim do palácio, ouviu um assobio. Era uma linda canção. Olhou para o lado viu um lindo jovem que andava tranquilamente descendo a alameda.

A moça ficou olhando embevecida e começou a sentir uma coisa diferente que não sabia o que era.... aquele sentimento novo a fez descer a escadaria do jardim correndo e  ficar parar no portão, esperando pelo jovem.

Ao ver a princesa o assobiador parou, estendeu sua mão em direção a ela, beijou-a. Ficaram completamente embevecidos;
- Quem é você? perguntou o jovem.
- Eu sou a princesa e moro nesse palácio.
- Você então deve ser a filha do nosso Imperador.
- Sim sou, disse a princesa;
E a princesa então perguntou a ele quem era!
- Eu sou um poeta, disse o jovem orgulhosamente.
- Eu adoro poesia, disse a princesa.
- Eu escrevo minhas poesias na praia. Quando a maré sobe leva as minhas poesias para longe e espalhando-as por todos os lugares do mundo...!

A princesa achou aquela expressão maravilhosa e foi dizendo:
- Que lindo!

E aqueles dois ficaram encantados um com o outro até que o jovem perguntou à princesa se ela queria se casar com ele.

E ela respondeu: - sim! Eu quero me casar com você.
Mas logo ela se lembrou de que não poderia se casar.
- Porque? disse o jovem;
- Eu fiz uma exigência a meu pai e não posso voltar atrás. Só me casaria com quem me trouxesse uma rosa azul. E você deve saber que não existem rosas azuis, não é?

E o jovem logo respondeu: - Existem sim!
- Como existem? perguntou a princesa.
- Amanhã, nesse mesmo horário, eu vou voltar e trazer uma rosa azul pra você, disse o poeta.  Despediram-se já apaixonados.

No dia seguinte logo cedo a princesa já estava no jardim, próximo ao grande portão do Palácio Real. Viu o jovem, mas ele não trazia a rosa. Ficou decepcionada. Como iriam fazer?

Mas o rapaz parecia tranquilo, tranquilo. Entrou no jardim foi até um dos canteiros de rosas brancas, colheu a mais bonita, colheu a rosa cuidadosamente e de imediato pediu ao guarda que avisasse ao Imperador que ele gostaria de lhe falar.
- Eu quero me casar com sua filha, foi logo dizendo aquele poeta ao Imperador.

O Imperador informou-o que sua filha havia colocado uma condição - a rosa azul.
O jovem poeta mostrou então a rosa branca que ele havia acabado de colher.
- Aqui está Majestade, a rosa azul da princesa.

O Imperador muito irritado e foi logo dizendo: essa nunca foi uma rosa azul. Não posso aceitar?

Mas, a princesa que se encontrava bem próxima do Grande Salão do Palácio entrou e foi logo dizendo:
- Papai: o senhor não está vendo que essa é a rosa azul mais bonita do mundo?

Nessa altura o velho Imperador compreendeu a situação e aceitou o pedido de casamento.

A partir daquele momento o reino foi se transformando com os preparativos do casamento  da princesa com o jovem poeta. A festa foi de arromba. Dizem que os festejos duraram mais de sete dias.

Conto tradicional chinês


Bordadeira: Neuza Oli Vieira
Conto: A Rosa Azul
Autores: Conto Chinês
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
                55(31)3337-7026

O Saci Pererê



O Saci Pererê

A Lenda do Saci-pererê Em Cordel, Marco Haurélio.
Ed. Paulus, 2009


Esta Estoria não poderá ser publicada aqui, devido a  Lei nº 9.610, de 1998 que regula os direitos autorais.




Bordadeira: Vaní Luiza Cipriano
Conto: O Saci Pererê
Autores: Folclore Brasileiro
Desenho: Murilo Pagani
                55(31)3226-8207

Rudá, Guaraci e Jaci



Rudá, Guaraci e Jaci


No começo havia a escuridão. Então nasceu o sol, Guaraci.
Um dia ele ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, Jaci. Ele criou uma lua tão bonita que imediatamente apaixonou-se por ela. Mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia. Guaraci criou, então, o amor, Rudá, seu mensageiro. O amor não conhecia luz ou escuridão. Dia ou noite, Rudá podia dizer à lua o quanto o sol era apaixonado por ela. Guaraci criou também muitas estrelas, seus irmãos, para que fizessem companhia a Jaci enquanto ele dormia. Assim nasceu o céu e todas as coisas que vivem lá.



  
Bordadeira: Umeko Marubayashi
Conto: Rudá, Guaraci e Jaci
Autores: Lenda Indígena
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: umemaruba@yahoo.com.br

O Pote Vazio




O Pote Vazio.
Traduzido do inglês por Mônica Stahel
Martins Fontes, 2000.


Esta Estoria não poderá ser publicada aqui, devido a  Lei nº 9.610, de 1998 que regula os direitos autorais.



Bordadeira: Regina Drumond
Conto: O Pote Vazio
Autor: Demi
Desenho: Regina Drumond


A Lenda do Muiraquitã


A Lenda do Muiraquitã

A lenda afirma que o Muiraquitã era oferecido como presente, pelas belas mulheres guerreiras icamiabas, aos homens que visitavam anualmente a sua taba, na região do rio Nhamundá. Essas guerreiras viviam isoladas numa comunidade, às margens do baixo Amazonas, onde reinavam as mulheres. Sua independência e poder, contudo, eram insuficientes para a preservação da tribo e, assim em algumas ocasiões, elas recebiam em sua aldeia homens de aldeias vizinhas.

Uma vez por ano durante a festa de Iaci divindade mãe do Muiraquitã, dedicada à lua, as icamiabas recebiam os guerreiros guacaris, com os quais se acasalavam como se fossem seus maridos. Depois do acasalamento, pouco antes da meia noite, com as águas serenas e a lua refletida no lago, as índias nele mergulhavam até o fundo do lago sagrado e traziam às mãos um barro verde. Com ele esculpiam delicadas figuras em forma de sapos, tartarugas e outros animais. As índias faziam também tranças com o próprio cabelo, onde penduravam os amuletos, para trazer sorte e felicidade.

A lenda também diz que as meninas que nasciam permaneciam da aldeia para dar continuidade à casta matriarcal enquanto os meninos eram sacrificados ou entregues aos pais para serem criados.

Até hoje o Muiraquitã é considerado objeto sagrado. Acredita-se que cura a quase todas as doenças e traz felicidade e sorte a quem o possui.





Bordadeira: Malu Furtado Rocha
Conto: A Lenda do Muiraquitã
Autores: Lenda Indígena
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
                55(31)99335-1595

O Milagre das Rosas


O Milagre das Rosas

Foi no tempo dos reis, que a rainha D. Isabel era uma pessoa muito boa, muito nobre e então viu que os pobrezinhos passavam muita fome e então iam lá a porta do castelo a bater à porta e a pedir uma esmola. E ela então como era muito condoída, muito… ia sempre dar pão aos pobres e os pobres iam sempre lá todos os dias bater à porta iam vários e ela dava sempre, sempre, sempre. O rei não queria, o rei era mau não queria que ela desse esmola aos pobres, zangava-se com ela e ameaçava-a. Então um dia ela às escondidas, ele proibiu-a mesmo de quando os pobres lhe batessem à porta de ela ir dar pão, esmola. E a esmola que ela sempre dava era pão. E então, um dia ela às escondidas dele apanhou pão e pôs na abada e então levava a abada, quando os pobrezinhos estavam a bater à porta lá ia ela com o pão. Só que o rei andava de olho nela, e então veio chegou-se ao pé dela e disse assim: - O que levais na abada Isabel?
E ela disse: - São rosas, meu senhor.
E então ele disse: - Rosas em Janeiro? Não, não pode ser.
E ela disse: - São rosas, meu senhor.
- Então se são rosas mostra! [disse o rei]
E então ela estendeu a abada e o que tinha ali era tudo rosas, o pão foi transformado em rosas.
Portanto, ela ficou santa, é a rainha santa Isabel. Foi uma história muito bonita e muito contada.

Fonte BiblioAA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a, 2007


  

Bordadeira: Valéria Inês Pimenta
Conto: O Milagre das Rosas
Autores: Lenda Portuguesa
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: valeria.arteterapia@gmail.com

O Patinho Feio



O Patinho Feio


A mamãe pata tinha escolhido para fazer seu ninho um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto do rio. Por fim, os ovos se abriram um após o outro, e surgiram os patinhas amarelos. Porém um dos ovos ainda não se abrira. Impaciente, ela deu umas bicadas e ele começou a se romper, mas dele saiu uma ave cinzenta e desajeitada. A mamãe pata levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que viviam perto. Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um.
Nos dias que se seguiram, todos os bichos, o perseguiram. O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. Um dia, desesperado, ele fugiu.
Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns marrecos, que o receberam com indiferença. Numa certa madrugada, ouviu um tumulto e disparos: tinham chegado os caçadores! Muitos marrecos perderam a vida. O patinho feio conseguiu se salvar, escondendo-se no meio da mata.
Novamente caminhou, caminhou. Ao entardecer chegou a uma cabana.  Conseguiu entrar sem ser notado, encolheu-se num cantinho e logo dormiu. Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar ratos, e de uma galinha, que todos os dias botava o seu ovo. Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho, pensou que era uma pata que logo botaria ovos. Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a perder a paciência.
Mais uma vez, o patinho feio caminhou, caminhou e achou um lugar tranquilo perto de uma lagoa. Durante o verão, passou boa parte do tempo dentro da água onde encontrava alimento suficiente. Mas chegou o outono. O céu se cobriu de nuvens e o vento esfriou cada vez mais. Sozinho e triste, o patinho viu, num final de tarde, surgir um bando de lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço, delicado e sinuoso: eram cisnes, migrando na direção de regiões quentes. Bateram as asas e levantaram voo, bem alto. O patinho ficou encantado, olhando a revoada até que ela desaparecesse no horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito queridos.
Naquele ano, o inverno foi muito rigoroso. O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não congelasse em volta de seu corpo. Mas um dia, exausto, permaneceu imóvel e ficou com as patas presas no gelo. Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido com a morte foi para as grandes aves brancas.
Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês viu o pobre patinho, quebrou o gelo e levou-o para sua casa. Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças. Logo que os filhos do camponês começaram a brincar com ele, o patinho se assustou e tentou fugir. Caiu de cabeça num balde cheio de leite, derrubou tudo, se enfiou no balde da manteiga, engordurando-se até os olhos e, finalmente, se enfiou num saco de farinha, levantando uma poeira sem fim. O pobrezinho conseguiu encontrar a porta e escapar da curiosidade das crianças e da fúria da mulher.
Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago, abrigando-se do gelo na relva seca. Finalmente, a primavera chegou. Lá no alto, voavam muitas aves. O patinho sentiu um inexplicável e incontrolável desejo de voar. Abriu as asas, que tinham ficado grandes e robustas, e pairou no ar. Voou longamente, até que avistou um imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três aves brancas. O patinho reconheceu as lindas aves que já vira antes, e se sentiu invadir por um grande amor por elas.
— Quero me aproximar dessas esplêndidas criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por todos.
Com um leve toque das asas, abaixou-se até o pequeno lago e pousou na água.
— Podem matar-me, se quiserem — disse, resignado. E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração deu um pulo. Enxergava penas brancas, grandes asas e um pescoço longo e sinuoso. Ele era um cisne!
— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação.
Aquele que tinha sido um patinho feio se sentia agora tão feliz que se perguntava se não era um sonho! Nadava em companhia dos outros, com o coração cheio de felicidade. Mais tarde, chegaram três meninos, para dar comida aos cisnes. O menorzinho disse, surpreso:
— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E correu para chamar os pais.
— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os pais. E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo. Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa. Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito, antes de alcançar a sonhada felicidade.


  


Bordadeira: Marie-Thérèse Pfyffer
Conto: O Patinho Feio
Autores: Hans Christian Andersen
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: mtpfyffer@gmail.com

O Gigante Egoista



O Gigante Egoísta


Todas as tardes, ao saírem do colégio, as crianças costumavam ir brincar no jardim do Gigante.
Era um jardim lindo e grande, com grama verde e suave. Aqui e ali, sobre a grama, apareciam flores belas como estrelas, e havia doze pessegueiros que, na primavera, abriam-se em flores delicadas em tons de rosa e pérola, e davam ricos frutos no outono. Os pássaros pousavam nas árvores e cantavam tão docemente que as crianças costumavam parar de brincar para ouvi-los.

- Como nos sentimos felizes aqui! – exclamavam elas.
Certo dia voltou. Ele tinha andado visitando seu amigo, o ogre da Cornualha, e ficara sete anos com ele. Depois de sete anos ele já havia dito tudo que tinha o que não tinha para dizer, já que sua conversa era limitada, e resolveu voltar para seu próprio castelo. Ao chegar, ele viu as crianças brincando no jardim.
- O que é que vocês estão fazendo aqui? – gritou ele com uma voz muito ríspida, e as crianças saíram correndo.
- O meu jardim é meu jardim – disse o Gigante. – Qualquer um pode compreender isso. Eu não vou permitir que ninguém brinque nele, a não ser eu mesmo.
De modo que ele construiu um muro alto em torno do jardim e colocou um cartaz de aviso.

Proibido entrada de estranhos
Quem desobedecer será castigado

Ele era um Gigante muito egoísta.

As pobres crianças agora não tinham mais onde brincar. Elas tentaram brincar na estrada, mas a estrada era muito poeirenta e cheia de pedras duras, e eles não gostavam. Começaram a passear em torno do muro depois das aulas, conversando sobre o lindo jardim que ficava lá dentro. “Como éramos felizes lá!”, diziam uma ás outras.

Então chegou a Primavera, e por todo o país apareceram pequenas flores e pequenos pássaros. Só no jardim do Gigante Egoísta é que continuava a ser inverno. Os passarinhos não gostavam de cantar lá, porque não havia crianças, e as árvores se esqueceram de florescer. Uma vez uma flor bonita chegou a brotar, mas ao ver o cartaz de aviso ficou com tanta pena das crianças que se enfiou de volta no chão e adormeceu. Os únicos que estavam contentes eram a Neve e o Gelo.
- A Primavera se esqueceu deste jardim – eles exclamaram -, de modo que podemos viver aqui o ano inteiro.

A neve cobriu toda a grama com seu manto branco, e o Gelo pintou todas as árvores de prata. Eles convidaram o Vento do Norte para se hospedar com eles, e ele veio. Todo enrolado em peles, rugia o dia inteiro pelo jardim, derrubando as chaminés com seu sopro.
- Este lugar é ótimo – disse ele. – Nós precisamos convidar o Granizo para vir fazer uma visita.
E o Granizo apareceu. Todos os dias, durante três horas, ele matracava no telhado do castelo até quebrar quase todas as telhas, e depois corria, dando voltas pelo jardim o mais depressa que podia. Sempre vestido de cinza, soprava gelo para todo lado.
- Não entendo porque as Primavera está demorando tanto a chegar! – disse o Gigante Egoísta, sentado junto à janela e olhando para seu jardim frio e branco. – Espero que o tempo mude logo.
Mas a Primavera não apareceu, nem o Verão. O Outono trouxe frutos dourados para todos os jardins, mas nenhum para o do Gigante.
- Ele é muito egoísta – disse o Outono.

De modo que ali ficou sendo sempre inverno, e o Vento Norte e o Granizo, a Neve e o Gelo dançavam em meio às árvores.

Certa manhã, o Gigante estava deitado, acordado, na cama, quando ouviu uma música linda Soava com tal doçura em seus ouvidos que ele até pensou que deviam ser os músicos do Rei que passavam. Na realidade era apenas um pequeno pintarroxo cantando do lado de fora de sua janela, mas já fazia tanto tempo que ele não ouvia um só passarinho em seu jardim que aquela parecia ser a música mais bonita do mudo. E então o Granizo parou de dançar sobre a cabeça dele, e o Vento do Norte parou de rugir, e um perfume delicioso chegou até ele, através da janela aberta.
- Acho que finalmente a Primavera chegou – disse o Gigante. – E, pulando da cama, olhou par fora.

O que ele viu?

A visão mais bonita que se possa imaginar. Por um buraquinho no muro as crianças haviam conseguido entrar, e estavam todas sentadas nos ramos das árvores. Em todas as árvores que ele conseguia ver havia uma criança. E as árvores estavam tão contentes de terem as crianças de volta que se cobriram de flores, balançando delicadamente os galhos, por cima da cabeça da meninada. Os passarinhos voavam de um lado para outro, chilreando de prazer, e as flores espiavam e riam. Era uma cena linda, e só em um canto é que continuava as ser inverno. Era o canto mais distante do jardim, e nele estava de pé um menininho. Ele era tão pequeno que não conseguia alcançar os ramos da árvore, e ficou andando em volta dela, chorando, muito sentido. A pobre árvore continuava coberta de neve e de gelo, e o Vento do Norte soprava e rugia acima dela.
- Sobe logo, menino! – dizia a Árvore, curvando os ramos o mais que podia. Mas o menino era pequeno de mais.

E o coração do Gigante se derreteu quando ele olhou lá para fora.

- Como eu tenho sido egoísta! – disse ele. – Agora já sei porque a Primavera não aparecia por aqui. Eu vou colocar aquele menininho em cima daquela árvore, depois vou derrubar o muro, e meu jardim será um lugar onde as crianças poderão brincar para sempre e sempre.
Ele estava realmente arrependido do que tinha feito. E assim, desceu a escada, abriu a porta da frente com toa a delicadeza, e saiu para o jardim. Mas quando as crianças o viram ficaram tão assustadas que fugiram, e o inverno voltou ao jardim. Só o menininho pequeno é que não fugiu, porque seus olhos estavam marejados de lágrimas e não viu o Gigante chegar. E o Gigante aproximou-se de mansinho por trás dele, pegou delicadamente em sua mão e o colocou em cima da árvore. A árvore imediatamente floresceu, e os passarinhos vieram cantar nela; e o meniniho esticou os braços, passou-os em torno do pescoço do Gigante e o beijou. Quando viram eu o Gigante não era mais mau, as outras crianças voltaram correndo, e com elas veio a Primavera.

- Agora o jardim é de vocês, crianças – disse o Gigante. E pegando um imenso machado, derrubou o muro. Quando toda a gente começava a iro para o mercado, ao meio-dia, lá estava o Gigante brincando com as crianças no jardim mais bonito que todos já haviam visto.

Elas brincavam o dia inteiro, mas quando chegava a noite despediam-se do Gigante.
- Mas onde está seu companheirinho? – perguntou ele. - O menino que eu botei em cima da árvore.

O Gigante gostava dele mais do que de todos os outros, porque ele lhe havia dado um beijo.
- Nós não sabemos – responderam as crianças. – Ele foi embora.
- Vocês têm de dizer a ele para não deixar de vir aqui amanhã – disse o Gigante.
Mas as crianças disseram que não sabiam onde ele morava, e que jamais o haviam visto antes. O Gigante ficou muito triste.

Todas as tardes, quando acabavam as aulas, as crianças iam brincar como Gigante. Mas o menininho de quem o Gigante gostava nunca mais apareceu. O Gigante era muito bondoso com todas as crianças, mas sentia saudades de seu primeiro amiguinho, e muitas vezes falava nele.

- Como eu gostaria de vê-lo! – costumava dizer.

Os anos se passaram, e o Gigante ficou mais velho e fraco. Ele já não conseguia brincar direito, e então ficava sentado em uma poltrona enorme, olhando as crianças que brincavam e admirando seu jardim.
- Tenho tantas flores lindas – dizia ele -, ma as crianças são as flores mais bonitas de todas.
Certa manhã de inverno, ele olhou pela janela enquanto se vestia. Agora já não odiava o inverno, pois sabia que este era apenas a Primavera enquanto dormia, e que as flores estavam descansando.

De repente ele esfregou os olhos, espantado, e olhou, e olhou, e olhou. Era por certo uma visão maravilhosa. No cantinho mais distante do jardim havia uma árvore toda coberta de flores brancas. Seus ramos eram dourados, carregados de frutos de prata, e debaixo deles estavam o menininho que ela amava.
O Gigante correu pelas escadas, com a maior alegria, e saiu para o jardim. Cruzou depressa o gramado e chegou perto do menino. E quando chegou bem perto, seu rosto ficou rubro de raiva, e ele disse:
- Quem ousou te ferir?
Nas palmas das mãos da criança estavam as marcas de dois pregos, como também haviam marcas de dois pregos em seus pezinhos.
- Quem ousou te ferir? – gritou o Gigante. – Dize-me, para que eu possa tomar de minha grande espada para matá-lo.
- Não – respondeu o menino -, pois essas são as feridas do Amor.
Quem és? – perguntou o Gigante, e quando o temor apossou-se dele, ajoelhou-se diante da criança.
A criança sorriu para o Gigante e lhe disse:
- Você me deixou, certa vez, brincar em seu jardim, e hoje você irá comigo para o meu jardim que é o Paraíso.
Naquela tarde, quando as crianças chegaram correndo, encontraram o Gigante morto, deitado debaixo da árvore, todo coberto por flores brancas.

Oscar Wilde
Por: João Márcio




Bordadeira: Ilka Finotti Wutke
Conto: O Gigante Egoista
Autores: Oscar Wilde
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
    55(34)99971-7787

As Mulherzinhas



As Mulherzinhas

As MulherzinhasLouisa May Alcott.
Oficina do Livro, 2011.


Esta Estoria não poderá ser publicada aqui, devido a  Lei nº 9.610, de 1998 que regula os direitos autorais.



Bordadeira: Ana Deister
Conto: As Mulherzinhas
Autores: Louisa May Alcott
Desenho: Lila Figueredo e Marty Noble
Contato: alcdeister@gmail.com
    55(31) 99821-9106

Iemanjá


Iemanjá

Na mitologia yorubá Iemanjá, cujo nome significa Mãe dos Filhos-Peixe, é filha de Olokun, soberano dos mares, que deu a ela, quando criança, uma poção que a ajudasse a fugir de todos os perigos.
A deusa cresceu e se casou com Oduduá, com quem teve 10 filhos orixás. Por isso seu nome significa também mãe de todos orixá. O ato de amamentar seus herdeiros fez com que seus seios ficassem enormes, e isso a deixou com vergonha.
Cansada do casamento, Iemanjá resolveu abandonar Oduduá e ir atrás da felicidade. Nesta jornada apaixonou-se pelo rei Okerê. Porém, para ficar com ele, a Rainha do Mar exigiu uma condição: que seus seios enormes jamais fossem motivo de chacota. Ele concordou imediatamente.
Mas um dia Okerê bebeu muito e começou a zombar dos seios de Iemanjá. Ela ficou arrasada e fugiu. O rei tentou perseguí-la para desculpar-se, mas já era tarde. A Rainha do Mar usou a poção que ganhou de seu pai para escapar, transformando-se num rio que encontrava o mar.
Desesperado e com medo de perder a esposa, Okerê transformou-se em uma montanha porque ele queria impedir que curso do rio chegasse ao mar. Iemanjá pediu ajuda ao filho Xangô e ele, com um raio, partiu a montanha ao meio, permitindo que a água seguisse o seu caminho. Desta forma Iemanjá encontrou o oceano e tornou-se a “Rainha do Mar”.





Bordadeira: Fátima Coelho
Conto: Iemanjá
Autores: Lenda Brasileira
Desenho: Fátima Coelho
Contato: fatitocoelho@yahoo.com.br

Orgulho e Preconceito



Orgulho e Preconceito


Esta Estoria não poderá ser publicada aqui, devido a  Lei nº 9.610, de 1998 que regula os direitos autorais.





Bordadeira: Rosângela Gualberto
Conto: Orgulho e Preconceito
Autores: Jane Austen
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
    55(31)98772-8302

segunda-feira, 2 de outubro de 2017